terça-feira, 5 de abril de 2011

Pelos Caminhos do X100 2010

Boas a todos!

Na sua infinita sabedoria leiga, diz o povo e com razão que o tempo voa! E não posso deixar de concordar! A brincar a brincar, já lá vão 8 meses que decorreu a Maratona X100 Castelo Branco...

Foi a 25 de Julho do ano passado – 2010, que se retomou de uma forma conjunta – ACBI e ACCB, a tradição de termos uma Maratona de BTT na cidade e ainda por cima inscrita como prova oficial da UVP-FPC. Prometia-se envolver num só evento a competição e o lazer, lado a lado, pelos mesmos trilhos, mostrando a quem participou, alguns dos melhores trilhos da região do xisto, aqui tão próxima de nós.

Na altura fomos dos primeiros a dizer “vamos participar!” Se alguém precisa de reforços positivos para continuar em frente nos desígnios da modalidade são as associações da cidade… Quando surgem eventos destes é importante dizer estou aqui, vou participar, nem que se conheçam os trilhos de ginjeira… Assim as organizações motivam-se, sobrevivem, crescem e levam pelo pais fora o bom nome da modalidade e da cidade!

A aventura original contava com dois trajectos – 50 e 100 km. Na altura, já a pensar nos caminhos de Santiago, inscrevemo-nos para o X100… contudo a temperatura extremamente quente do dia aconselhou-nos moderação e cuidados acrescidos… não ganhávamos nada ao apanhar um escaldão indo aos 100 km pelo que ficamo-nos pelos 50 km. Ficou-nos bem guardada na memória a foto no local de separação dos trajectos, ficando sempre aquele bichinho a remoer… “como seriam os 100 km?”

Mês após mês, fomos adiando essa incursão até que um dia se fez a vontade ao corpinho – hoje dia 3 de Abril, em plena Primavera, juntamos a malta nas Docas e lá fomos á descoberta desses trilhos dos X100, que prometiam inúmeras paisagens belíssimas, trilhos, singles, aldeias perdidas e muita, muita diversão… E não nos enganaram! Se o X100 de 2011 for assim, o sucesso é garantido! Ai está uma Maratona em que vale a pena participar!

Juntamos no sítio do costume alguns dos mais habituais companheiros – Eu (FMike), João Valente, Fidalgo, Dário e Nuno Dias e ainda o Carlos Farinha, um amigo que já conhecíamos de seguir o seu blog – O meu BTT tem diabetes - e com quem tivemos o privilégio de confraternizar em Proença “nos Azeites”. Para não escapar á tradição, o Nelo atrasou-se e acabou por ficar á nossa espera na ESALD, local de “partida” desta versão da Maratona de Castelo Branco.

Alguns atrasos de última hora – uma corrente “vestida” ao contrário e um casquilho de uma FS que teimosamente queria “folgar”, fizeram os minutos passar, protelando a incursão mas sem stress… o dia estava por nossa conta, a manhã estava amena, o sol teimosamente mantinha-se escondido pelo que o risco de calor excessivo era mentira e chuva nem vê-la!… Estávamos perante um dia ideal para longas distancias e boas aventuras!

E lá fomos! A ideia era pedalarmos todos juntos até ao local de separação dos dois trajectos, já depois de cruzarmos a Liria, seguindo a maior parte da malta para os 50 km em direcção a Martim Branco, continuando eu, o João e o Nelo para os 100 km enfrentando alguns dos trilhos mais exigentes da zona, mas igualmente dos mais bonitos e emblemáticos.

Depois de alguns bons quilómetros em pendente descendente, a aproximação da Liria fez-se pelo desbravado trilho da Maratona, chegando-se a malta ao fundo do vale para o primeiro de vários momentos de “meinha” molhada – atravessar a ribeira e depois subir ate ao arraial abandonado. Aqui houve desde corajosos que atravessaram a vau, outros foram mais do tipo salta-pocinhas e eu fui o único a fazer strip (aos pés!) descalçando-me a preceito para a travessia, uma constante que iria manter ao longo de todo o dia. Isto ainda anda meio mal constipado pelo que não valia a pena piorar as coisas!

Depois de uma foto de grupo no arraial, a malta lá se separou e nós – eu, JValente e o Nelo, lá continuamos em direcção aos Calvos, num misto de sob e desce algo exigente, bem conhecido daquela zona, molhando inclusive novamente os pezinhos em nova travessia, seguindo-se a arfante subida até á aldeia – fantástica!

Depois dos Calvos, as Teixugueiras e as Gatas mostraram-nos aquilo que vai acontecendo ao interior do país… nem vivalma! Ainda dizem que aos domingos vai havendo gente nas aldeias, mas não me pareceu… ou o tempo encoberto assustou, ou a realidade é outra!

Sarzedas é já ali e no Café Central aproveitamos para o primeiro cafezinho do dia acompnhado de algumas sandochas para compor o estômago que já intimidava, roncando por comida! A saída fez-se pelo adro da Igreja Matriz, monumentalmente recuperado previligiando a pedra da zona, entrando pouco depois nos trilhos da Rota de Xisto, percursos pedestres soberbamente marcados com inúmera sinalética. Seguiram-se as aldeias de Rapoula, Monte Goula e Azenha de Cima, sempre por trilhos com alguma exigência física, pois a pendente ascendente naquela zona é comum. Contudo o tom primaveril domina a zona, assim como o som da água cristalina que embeleza os ribeiros da zona, férteis em cascatas e represas, bem ao gosto do dedo fotográfico. Muito bonito!

Ao longe iam-se vendo cada vez mais perto as eólicas do Pé da Serra, o que significava a aproximação da parte mais dura do percurso… mas nada que amedrontasse! A malta estava mesmo a curtir os trilhos e todo o esplendor da Primavera, embora o dia macambúzio pouco ajudasse. A entrada no Pé da Serra fez-se por um dos bonitos singles do percurso, lado a lado com a ribeira e as hortas do povo, terminando junto á ponte, mesmo no meio da aldeia!A entrada na aldeia trouxe-nos uma surpresa… o Sr. Manuel e o seu neto Diogo que moram ali lado a lado com a ponte, mal nos viram chegar, receberam-nos de braços abertos como se fossemos amigos de longa data sem nunca nos terem visto! Assim que se inteirou da nossa aventura e para onde íamos, ofereceu-nos logo umas “doses” de energia fermentada porque íamos precisar para vencer a subida! E que rica era a jeropiga! De estalo! Se não desabulhassemos dali acho que tínhamos ficado logo ali pois a promessa de presunto, bom tinto e sei lá mais o que ainda fez perigar a continuação da aventura!!!Feitas as devidas despedidas, lá iniciamos a árdua subida, onde o trilho de boa qualidade ajudou e de que maneira a vencer as dificuldades. Sempre em passo certinho, pedalada a pedalada, lá nos aproximamos do topo, passando por inúmeros locais de rara beleza – uma albufeira no meio do nada, casas de xisto abandonadas, ribeiras de beleza impar, sei lá mais o quê… excelente!A passagem pela Cardosa, mostrou mais uma vez que há muito Portugal para descobrir… que aldeia fantástica, plena de xisto e recantos soberbos! Numa sim+atica fonte aproveitamos para desgustar mais uma sandocha pois ainda faltava algum acumulado para chegar a Almaceda onde contávamos com algum cafezito para compor o estômago, pois a hora do almoço estava á porta.Depois de passarmos a Paiágua e vencermos mais uma imponente subida da Serra da Pedralheira, lá nos deparamos como o vale da ribeira de Almaceda, com as inúmeras aldeias vizinhas bem lá embaixo, no fundo do monte. Com algum cuidado, pois a descida pejada de pedras soltas enormes e regueiras abismais estava perigosa, mas todos chegamos bema ao fundo, entrando agora em Almaceda para o merecido café!A metade mais difícil do trajecto e sobre o qual tínhamos mais curiosidade estava feito, pois a partir de Almaceda, entravamos novamente nos trilhos do PR que levava a Martim Branco, estes já nossos conhecidos. Mas conhecimento, não deixa de ser sinónimo de diversão, muito pelo contrário… é sempre bom pedalar por estas bandas.A “senhora aldeia” que se seguia era o Juncal, mas sem antes molharmos novamente os pezinhos na travessia da ribeira e claro enfrentando mais alguns bons singles e trilhos na zona do Vale Sando, entrando pouco depois na aldeia, também ela quase vazia de vivalma! Não paramos e seguimos quase até á Sra de Valverde, onde fizemos um ligeiro abastecimento para repor energia, embora o fim da aventura estivesse próximo.Aqui fizemos uma ligeira modificação ao track original pois chegamos á conclusão que era impossível transpormos o Ocreza na zona da azenha, pelo que seguimos caminho nos trilhos próximos a Cafede, completando a nossa aventura pouco depois registando o momento numa das placas da entrada norte.Bem e o que fica para a história? Para além de sabermos agora que temos uma excelente Maratona, fica sem dúvida as recordações de um dia muito bem passado, o registo de trilhos espectaculares e claro bons momentos com bons amigos, a fazermos uma das coisas que mais gostamos – bicicletar por ai!




Fiquem bem!

FMike :-)


4 comentários:

João Afonso disse...

Para os meus lados a maioria das pessoas são bastante hospitaleiras !
A fotos como sempre estão do melhor, a descrição também (apenas um pequeno lapso, onde está "Gatas" deverá ser Lomba Chã).
Tive pena de não ir ! mas já sabia que se lá aparecesse teria que ir aos 100 !
1 abraÇo.

Agnelo disse...

Dias bem passados ao sabor da pedalada, sem horas a exercer pressão... o melhor que se pode ter. Os trilhos são muito bons, duros, mas bons, os primeiros 56 km até Almaceda contam cerca de 1400 m de acumulado.
Ficam as fotos e as memórias de uma jornada 5 estrelas. Parabéns pelo relato e pela reportagem fotográfica.
Acabámos por fazer cerca de 90 km e quase 2000 m de acumulado.
Quanto à MX100 de 2011, penso que ainda haverá melhorias em relação a 2010.
AQ

FMicaelo disse...

Obg amigos pelos comments.

João tens razão era a Nave e não as Gatas que já são do lado de lá das Sarzedas. Quanto a pessoas... bem só vimos o dono do cafe das Sarzedas...ehehehe Fizestes falta companheiro!

Nelo, Fidalgo, Dario, Carlos, etc etc obg pela companhia e desafio. Outros se seguem amigos! Bora lá pedalar!

JValente disse...

Na verdade, já há muito que era para se fazer esta aventura! A expectativa era alta e não saiu nada defraudada!

As boas sensações em comunhão com a natureza, bicicleta e amigos fizeram deste dia uma dia invulgar! Muito Bom!

Obrigado aos companheiros FMike e Agnelo pela companhia durante este dia!

PS: João Afonso... quando queiras.... repito a dose contigo... na boa!

Abraço
João Valente