quarta-feira, 2 de março de 2011

Há dias assim...

Boas a todos!

Perante a adversidade temos um de dois caminhos... deixamo-nos vencer, encolhemo-nos, e tristonhos abandonamos o nosso projecto ou alegramo-nos, vencemos a contrariedade com um sorriso e afastamos o mau karma sempre a pensar no futuro.
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Foi assim neste domingo passado em plena Espanha, com um grupo homogéneo de apreciadores do bom BTT - sorrimos e seguimos em frente! Eu gosto mesmo é de andar de bicicleta! Que o digam eu (FMike), o AC, o Luis Lourenço, o Pedro, o Silvério, o Luis Cabaço, o Tiago, o Ferrão e o Domingos.

O dia começou cedo, muito cedo, sobretudo para mim que tinha dormido pouco devido ao trabalho que acabou, como sempre, tarde e ás más horas. Sono e distracção ditaram logo a primeira esquecidela... Á chegada a Hoyos constatei pelo peso do camelbag que parte da comida e parte do meu material de apoio tinha ficado em CBranco. Que raio de sorte. Ao lado o AC queixava-se do mesmo, mas ainda pior... esse tinha lá deixado o camelbag com a água e tudo...

E ao longo do dia outras peripécias foram acontecendo, inclusive na hora de regressarmos a casa. A ver:
- A maioria da malta teve algum tipo de queda, felizmente todas sem problemas de maior...
- Duas avarias graves, eficazmente bem resolvidas - um dropout partido do AC e um rasgão XL no pneu do Tiago...
- A perda do conta-quilómetros XPTO do Silvério...
- Por fim uma trancadela de um dos carros com a chave lá dentro...

Perante tais adversidades poderia passar-nos pela cabeça "mas que raio de mal fizemos nós a Deus", mas não... Cada uma que ia surgindo, a malta dava a volta, resolvia e segui em frente... e assim se cumpriu mais um grande Raid AC, desta vez pelas inóspitas paisagens da Sierra de Gata.

Nunca aqui tinha pedalado, mas valeu bem a pena. Com uma paisagem milenar, em que as pedras transpiram história, a paisagem faz lembrar um pouco da Estrela, um pouco da Lousã, sempre com cheiro a desafio altimétrico, pleno de bons momentos. E foi!

Ja aqui foi dito que o grupo era homogéneo e sem dúvida bem-disposto. E nestas coisas é meio caminho andado. Por mais difícil que a coisa se pinte, com boa disposição, passo certinho e alguma experiencia, torna-se relativamente fácil vencer os km deste tipo de bons Raids.

A rota com saída de Hoyos passagem por Perales, até Villasbuenas de Gata foi tranquila ao mesmo tempo que preventiva do que se esperava - alguns tracks técnicos, alguma lama á mistura forma o mote para na hora matutina fazer despontar entre a malta os primeiros "suspiros" a pedalar. Mas seria a subida ás antenas de Gatas, a fazer correr os primeiros pingos de suor apesar da temperatura relativamente baixa.

Nada que esmoreça ninguém. Lá de cima a paisagem era soberba, e a passagem da cota de nível para o outro lado da serra mostrou continuidade naquilo que é uma paisagem de montanha magnifica... imagina isto em tempo de neve!

A Aldeia de Gata era logo ali, bem escondidinha no sopé da montanha, com um carreirinho ascendente a subir pela montanha acima - a calçada romana via-se ao longe! O que nos espera...


Na aldeia foi tempo de retemperar sólidos e líquidos, com direito á primeira foto de grupo, com o Domingos a mostrar todo o seu potencial brincalhão, uma constante no percurso todo. Retemperadas forças e depois de algumas voltas nesta tipica aldeia espanhola, cheia de turistas ocasionais - caminheiros, trialeiros e afins, era tempo de começarmos por assim dizer as ascensão mais "dura" do dia - a subida de mais de 5 km de calçada romana até ao Puerto de Castilla.

Escrevi dura entre aspas, pelo simples motivo de que o meu "cânone" de calçadas era a de Monsanto e depois de trepar esta, já nunca será igual subir Monsanto. Esta pela sua plenitude, extensão e exigência merece destaque. Foi uma das mais bonitas subidas que já fiz! E pelos vistos não sou o único a pensar assim, pois ao longo da mesma, foram inúmeros os grupos de aventureiros a subir ou a a descer esta maravilha românica, a pé, a cavalo, de moto.

A subida terminou com um misto de sentimento de conquista e boas sensações. Perfeitamente controlado, em toda a ascensão, foi uma subida até "fácil" para mim, apesar da exigência técnica e física, sobretudo nesta atípica pré-época. Quem não a conhece, recomendo um saltinho até lá. Vale a pena!

Era agora tempo de fazer um misto de subidas e algumas alucinantes descidas, já com o Jálama ao longe a mostrar toda a sua imponência. Mais um par de trilhos e mais alguns caminheiros depois, a quem desejamos "buena ventura", chegávamos então ao sopé do Jálama. Imponente dominava-nos com a sua magnificência, mas não nos intimidava... era tão-somente mais um "caroçito" que íamos vencer!


Por trilhos com tanto de soberbos como de difíceis fomos vencendo a escala altimétrica, sendo brindados a meia altura com a visão da placa toponímica do Jálama... aqui até os montes são de utilidade pública! Este... já era!

A partir de agora era sempre a descer, por um caminho de curva de nível, pejado de pedras e precipícios, mas muito apoteótico! Que espectáculo de imponência da dimensão da altitude! Ao longe as aldeias pareciam miniaturas do Gulliver e as barragens serenas poças de água! A descida fez-se sem percalços, mas sempre em grande descarga adrenalinica, pois a sua exigência a isso obrigava - total controle da bike. Que treino de técnica! O Nelo aqui iria gostar de usar a FS e o João já o estava a ver em periclitante equilibrio...

Pouco a pouco, a vegetação de altitude era substituída pelos carvalhos á medida que nos aproximava-mos do sopé do monte, onde ainda fizemos alguns singles até entrar novamente em Hoyos. Eram quase 16 h e a barriga pedia. Era tempo de "cerveza e das tapas". O dia terminava com o sol a pôr-se e um conjunto de amigos em alegre confraternização numa modesta mesa de botequim. Ficam as memórias de um excelente dia de BTT.

FMike:-)

2 comentários:

AC disse...

Bem vindo aos raids AC.
Um relato envolvente e uma companhia excelente.
A amizade, quando imbuida de bons valores, anula qualquer mesquinhez, como pudeste comprovar.
As dificuldades. O que é isso . . . quando o que nós gostamos é mesmo de andar de bike e "pintar a manta" por aí!!!
Grande abraço
AC

João Afonso disse...

Não tenho palavras para descrever a tristeza que tive em não vos poder fazer companhia. Fiquei contente em saber que tu foste e que correu tudo bem ! com vocês todos.
No próximo espero fazer-vos companhia.
1 abraÇo.