terça-feira, 1 de março de 2011

BTT... na Foz do Cobrão!

A cada Domingo que passa cresce a vontade para que o próximo venha bem depressa. E porquê? Percursos fenomenais, adesão invulgarmente surpreendente (ou não!), ambiente impecável, crescente de forma e logo conforto e gozo em pedalar natureza fora! O Domingo, 27 de Fevereiro não foi excepção! Azimutes apontados à sempre deslumbrante Foz do Cobrão! Nesta zona conjuga-se a paisagem natural esculpida por um Oceano Antigo com a imaginação do Homem que ali impôs a sua cultura agrícola de subsistência. Um óptimo local para ir em busca da aventura!

Em vésperas acreditei que pouca gente aparecesse no Centro Cívico… percurso um pouco mais exigente que o habitual, alguma malta já tinha ido passear as “anoréticas” na manhã de Sábado, existia evento ligado ao BTT lá para os lados de Nisa, o Raid AC-Trilhos e Aventuras em busca das pedregosas Gatas também aguçou apetites… enfim! Pensei… que certo, certo aparecia eu e o Agnelo… mas… surpresa das surpresas… 10 ávidos de aventura marcaram presença! Ora deixa cá ver se consigo enumerá-los (!) todos: Cabarrões (Pai e Filho), Homens PT (Pedro e Álvaro), Bruno Dias, Sérgio Marujo, Agnelo Quelhas, António (não sei o sobrenome!), eu (João Valente) e o João Caetano.

À semelhança do que temos feito em voltas mais prolongadas pedalámos em asfalto até ao cruzamento das Benquerenças, permitindo um bom aquecimento muscular e um adianto vantajoso aos ponteiros do relógio! Daqui em diante os trilhos (mais secos) foram reis e senhores! Seguimos até à Padaria dos Amarelos para pequena pausa cafeínica onde o famoso panike de chocolate foi substituído por bolo mármore… quem comeu disse estar delicioso!

Daqui seguimos com objectivos delineados até ao Vale do Ocreza… uma descida bastante longa… propícia aos audazes da técnica! Já perto do rio abre-se diante dos nossos olhos uma paisagem soberba de todo o vale escarpado, com o som da corrente do ocreza a ecoar! Muito… muito bonito! De facto… faço minhas as palavras do AC, quem percorre trilhos como estes é decerto amante do “Real BTT” em prol da sua virtualidade. Não poderia estar mais de acordo com as suas experientes palavras!

Se a descida faz descarregar níveis elevados de adrenalina… já a subida que se segue é bem libertadora de toxinas através das glândulas sudoríferas! É nesta vertente do BTT que mais gozo tenho, e também onde me sinto mais adaptado! Cada um ao seu ritmo lá fomos galgando a inclinação para depois reunirmos no topo e seguirmos em direcção às Ferrarias!

A abordagem fez-se por um vale que culmina numa pequena ribeira afluente do Rio Ocreza… tendo depois pela frente uma encosta de pinhal sem trilho! Sabemos que do outro lado se encontra o trilho… há assim a necessidade de carregar as “burras” às costas e galgar a encosta até que no seu topo se apanha o caminho uma centena de metros mais á frente! Já aqui passei 2 ou 3 vezes e é sempre um momento hilariante ouvindo os diferentes tipos de comentários da malta!!! Ehehehe…

Já numa cota mais elevada, seguimos alguns Km’s em plano para depois enveredar novamente no desce, desce, desce, desce… até velho e abandonado Lagar do Carril… lá bem ao fundo! Mais uma panorâmica brutal com os montes e vales a fugir ao alcance da nossa vista! Magnífico!

A ponte em pedra sobre a ribeira demarca a fronteira entre a descida e o sobe, sobe, sobe, sobe durante cerca de 3Km’s até à estrada que dá acesso ao Vale da Pereira! É mais um local onde os mais afoitos “rodam o punho” e em saudável picardia guerrilham pelo “pódio do nada” até ao topo! Tudo isto é BTT entre amigos! Hoje… no topo… até tivemos prémio! Surpresa… o João Afonso esperávamos de máquina fotográfica em riste para captar a malta de “pulmão na boca”! Boa Surpresa!

Insistência do João Afonso e após fotografia de grupo, seguimos até ao Café da Fonte Longa para uma bebida oferecida pelo João. Se bem o conheço… hoje mergulhado na tristeza de não ter podido integrar o grupo das “Gatas Espanholas”… mas, meu ver, decisão ponderada e acertada em recuperar primeiro, para depois, gozar à brava por esses trilhos fora! João… envio abraço daqui, com aquela força!!! Ah… e obrigado pela Coca (cola)! Ehehehe…

A Fonte Longa, foi o local de divisão de grupo… aqueles que queriam estar na cidade mais cedo, seguiram rumo a Alvaiade. Os restantes (Agnelo Quelhas, Pedro Antunes, Álvaro, João Caetano e eu (João Valente)… seguimos os objectivos iniciais de “mergulhar” na beleza agreste da Foz do Cobrão, arriscando a chegada a Castelo Branco um pouco mais tarde que o habitual! A meu ver… decisão acertada, pois valeu bem a pena!

Agora com o grupo resumido a 5 elementos, seguimos até à Ribeira do Alvito… onde (mais uma vez!) exercitámos a nossa técnica (cada vez mais apurada!) em atravessar ribeiros com caudal de inverno! Na verdade, começo a achar que Domingo sem água até ao joelho… já não tem piada! Felizmente o Agnelo… faz sempre as vontades e brindou-nos com mais esta espectacular travessia! Estamos peritos! Venham ribeiras…

Daqui em diante temos umas centenas de metros em pendente ascendente até atingirmos uma cota mais plana que nos brinda todo o mágnifico vale, com o rio Ocreza lá bem em baixo, demonstrando a sua fúria nesta altura do ano. À margem esquerda do Ocreza aflui a ribeira do Cobrão. Foi aí que nasceu a antiga povoação que mais tarde subiu encosta acima, fixando-se num local paisagens singulares. A crista quartzítica da serra das Sarnadas emoldura-a e abriga grifos e cegonhas-negras que, lá do alto, observam rochas com cerca de 500 milhões de anos marcadas pela ondulação e pelos fósseis de um oceano que já não é. O Rio Ocreza espelha-se a seus pés antes de galgar o açude construído há anos. Pedalamos numa das zonas mais bonitas da nossa Beira Baixa…

Ainda bem que as autarquias estão a apostar no geo-turismo! Conseguimos ver algumas melhorias sinaléticas e algumas estruturas de apoio ao turista! Foi numa destas que contemplámos todo o esplendor avassalador da paisagem e tirámos uma fotografia ao grupo dos 5, que obstinadamente quiserem cumprir os objectivos do dia!

Seguimos depois em direcção a Sobral Fernando, pela ladeira da serra. A paisagem composta pelas gargantas rochosas do Ocreza não larga o nosso campo visual e a cada pedalada que avançamos a superação do grandioso sucede. Muito Bonito! De Sobral Fernando desceu-se à ponte (com vista do açude) e aqui começa a dura (apesar de asfaltada) e longa subida até ao Miradouro das Portas do Almourão, com passagem pelas ruelas da aldeia da Foz do Cobrão.


Após vencida a subida contemplámos em grupo as Portas do Almourão e toda a sua envolvência. Não nos alongámos muito no tempo, pois estávamos em clara desvantagem na luta contra os ponteiros do relógio… e ainda tínhamos um regresso à cidade para fazer!


Decidimos fazer a (ainda longa) abordagem à cidade via asfalto. Apanhámos um vento bem forte de frente durante todo o regresso… dificultando a progressão! A chegada à cidade pelas 13:45, não foi assim tão tardia como imaginávamos! O atalho por estrada fez-nos ganhar algum tempo apesar do vento contra.

Totalizámos 75Km’s ao longo da manhã, cerca de 1350 metros de acumulado de subidas e uma mão cheia de boas recordações e excelentes paisagens. Uma manhã impecável!!! Para a semana, não compareço no habitual ponto de encontro (Centro Cívico) pois a malta BTTHAL vai marcar presença na III edição da Rota do Azeite lá para os lados de Proença-a-Velha!

A todos… um grande Abraço…
João Valente

3 comentários:

Agnelo disse...

Na verdade os domingos estão cada vez melhores. O grupo vai sendo cada vez mais coeso, novos elementos vão surgindo, aumentando a popularidade deste nosso real desporto.
Quanto ao cruzar das ribeiras, é por vezes um mal necessário, para nos levar a trilhos de melhor qualidade. Uma coisa é certa, se andar-mos pelos melhores estradões e estradas asfaltadas não molhamos a peúga, mas perdemos muitas outras coisas interessantes.
Venha a próxima travessia, de preferência com água cristalina, num dia de sol e em trilhos magníficos.
Parabéns pelo texto. Há gente com jeito para muita coisa, a tua virtude está na escrita, uma vez que as fotos foram "surripiadas" a alguém, na sua maioria.
Abraço

FMicaelo disse...

Excelente relato amigo. Quanto á volta ja conhecida do ano transacto, prima pela imponencia das paisagens. Muito bonita essa zona. A "equipa" começa a demonstrar uma grande coesão, estando no meu ver, pronta para outro nivel de desafios, grandes aventuras, quem sabe...
Quanto ás fotos têm um certo "cheiro" a AQ... num sei não...ehehehhe

JValente disse...

O seu a seu dono!

Das 18 fotografias publicadas no post, 4 são fotografias com assinatura Agnelo Quelhas, 2 com assinatura João Afonso e as restantes 12 de minha autoria!!!

Ehehehe...
A eles o meu obrigado!