segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Geocaching no"Celeiro da Beira Baixa"

Boas a Todos

Provavelmente já estarão a começar fartos de nos ouvir falar em Geocaching, mas que este desporto tem virtudes… tem; que possibilita uma união BTT-GC espectacular… possibilita; e que nos leva a sítios quase inimagináveis para nós, comuns mortais… ai isso leva! Ora avaliem lá se tenho ou não razão!
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Havia uma zona aqui relativamente perto de nós onde ainda nunca tínhamos pedalado e que nos andava a piscar o olho há algum tempo. Apesar de já ter acampado e pedestreado por aqueles lados há uns largos anos atrás, a ginga nunca lá tinha ido. O recente surgimento de umas caches por aquelas bandas fez o resto – juntou a “fome” com a “vontade de comer”!


Falo-vos, nada mais, nada menos, da zona do Parque do Tejo Internacional, a leste de Monforte e compreendida entre os bonitos Rios do Aravil e Tejo, ligeiramente a sul do Rosmaninhal. Esta zona, outrora conhecida como o Celeiro da Beira Baixa, encerra uma história riquíssima e um legado arqueológico contemporâneo farto, digno do nosso interesse e de uma deslocação lúdica por aquelas paragens.

Uma cache implantada no fundo da escarpa junto à foz do Aravil e outra cache implantada perto do Observatório dos Abutres da Quercus, já nas imponentes escarpas do Tejo, exigiram por parte dos aventureiros de serviço – eu (FMike) e o João Valente, algum planeamento criterioso, ou não fosse esta uma zona quase selvagem, inóspita e longe de tudo. Sobre as caches esse planeamento ficou mais a cargo do JV; já como irmos até elas ficou mais a meu cargo. Socorrendo-me dos meus mapas militares e de uma ajuda preciosa do Google Earth organizamos um passeio fantástico ao longo de quase 50 km, ora bordejando o Aravil, ora vencendo algumas das colinas que por aqui abundam e que possibilitam vistas fantásticas, ora subindo e descendo pelo meio da vegetação já bem perto do magnificente Tejo.

Tínhamos 5 objectivos bem definidos e conseguimos atingi-los a todos, em pleno. O primeiro e o segundo passavam por irmos caçar as caches do Mitorigeikos (ver aqui) e do MAntunes (ver aqui). O terceiro exigia descobrirmos a aldeia dos Alares e deixarmos lá a nossa mais recente cache – GB 9 Alares. O quarto e quinto estipulavam que passássemos uns bons momentos de amizade e companheirismo em cima das nossas bikes e que voltássemos inteiros à aldeia das Soalheiras onde tínhamos aquartelado a nossa 4X4.

O percurso em si possibilitou-nos o deslumbre de apreciarmos paisagens magnificas, por terras quase desabitadas, uma fauna e uma flora riquíssimas – vimos mais de 100 veados, alguns bem junto a nós, não em rebanhos mas em “veadanhos”, alguns com mais de 20 animais em grupo, mais de meia centena de abutres e outras aves de rapina, belas subidas e exigentes descidas, que possibilitaram alguns momentos de PTT (passeio pedestre com a ginga na mão), tal era a sua tecnicicidade, e claro bons momentos à procura das geocaches, com alguns “impropérios” para os “donos” das mesmas, perante tal ideia de esconde-las em sítios destes, tão difíceis de alcançar. Tudo isto sempre socorrido pelo o nosso mapa improvisado montado sobre o meu guiador, possibilitando-nos uma verdadeira navegação à moda antiga, que tanto apreciei no tempo da tropa. Espectacular! Uma experiência a repetir em breve, talvez por terras de Espanha.

Todos os dias têm momentos altos e este teve igualmente o seu. Um dos objectivos passava por “descobrirmos” a aldeia dos Alares, referenciada nos mapas militares mas sem qualquer existência física como aldeia. Esta pequena aldeia coexistiu com outras duas – Cegonhas Velhas e Cobeira, neste pedaço de terra fronteiriça, tendo sido despovoadas no inicio do séc. XX, deixando para trás, mil e uma histórias que culminam com a sua destruição e abandono por motivo de uma guerra pela posse e uso desta terra entre os seus habitantes e os do Rosmaninhal. Tal acontecimento motivou o meu interesse em ir enfiar-me no dia seguinte na biblioteca da cidade, donde só sai após descobrir a verdadeira história destas paragens, e que deu material suficinete para construir uma página web (GB 9 Alares), onde contamos toda a história destas paragens e desta peculiar guerra entre povos vizinhos, em pleno séc XX. Vale a pena ver. Ora espreitem lá.

Este objectivo passava então por irmos ver esta aldeia e eventualmente deixar lá a nona cache Geo-BTTHAL. Dar com aldeia não foi difícil, mas lá chegados o deslumbre e o espanto apoderou-se de nós. São inúmeras as casas abandonadas, a maioria já somente com as paredes em pé, sem telhados, portas escancaradas e telhas no chão. Em muitas delas ainda existem inúmeros cinchos, cântaros, panelas e até roupas e sapatos. Igualmente são visíveis fornos de pão, completamente esventrados, ruas perfeitamente delineadas, pocilgas, etc etc. Fez pena o abandono mas ao mesmo tempo foi bonito de se ver. Quantas histórias encerrarão aquelas paredes!

É claro que, perante tal exclusividade do lugar, deixamos lá uma caixinha para a malta do Geocaching ir até lá caçá-la! Numa das casas e dentro de uma panela em “banho-maria”, lá ficou ela à espera do FTF. O dia terminou com uma mine na casa do povo das Soalheiras, onde pudemos dar 25 tostões de conversa aos velhotes que por ali mourejavam, sequiosos que estavam de confraternizar connosco – forasteiros, nem que fosse para quebrar a monotonia.

E assim foi mais uma bonita aventura BTTHAL. Outras se seguirão. Quem quiser acompanhar-nos é bem-vindo.

Fiquem bem!
FMike



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