segunda-feira, 14 de abril de 2008

Rota da Estrela - Um evento a repetir!

O RESCALDO DAQUILO QUE FOI A … ROTA DA ESTRELA!

“O foto-relato“… by Roberto Mendes


Olá amigos, terminada que está a primeira edição da Rota da Estrela, é com alegria que vos transmito o sucesso da iniciativa, salvo um ou outro incidente de somenos importância.

08:00 e já o telemovel tocava, não, não me atrasei, estou mesmo à porta da pastelaria! O grupo já estava reunido, eu era mesmo o último… faltava só o amigo RARN que devido a um problema de saúde não pode comparecer, a ele deixamos os nossos votos de rápidas melhoras. (para além dos nomes que constavam da lista de inscritos, e que não vou aqui repetir, também o AQuelhas se juntou a nós nesta aventura). Terminado o Dopping habitual de cafeína, que eu, como sempre, dispensei, seguimos em caravana automóvel até ao ponto zero, MacDonald´s da Covilhã.

Eram cerca de 09:00 e estavamos a cumprir o horário previsto, iria dar para fazer a subida nas calmas, pensei. Não tardaram a chegar 3 madrugadores que resolveram iniciar o aquecimento para a subida mesmo em Castelo Branco, pessoal de coragem (AC, FMike e Álvaro, um participante de última hora). Apesar do frio que se fazia sentir, para mim bastavam umas voltitas ali mesmo no estacionamento para aquecer… cada um aquece como quer, ou como pode… : )

A tradicional foto de grupo, antes da partida e toca a dar ao chinelo, que é como quem diz dar ao pedal. Rápidamente o pelotão ficou partido, cada um procurou o/os companheiros com um ritmo mais próximo do seu. Fiquei-me pela cauda do pelotão, com os amigos CLI e PJFA, já habituados a esta posição fomos vencendo as dificuldades… nas calmas, que a coisa não estava para pressas. Bem, escusado será dizer que não voltamos a ver mais ninguém, exepto a incansavél repórter de imagem, que seguia no meu carro de apoio. Obrigado a ela!

O CLI, com problemas nos joelhos, ao atingir as Penhas da Saúde, fez uma volta de 180º e foi vê-lo a desaparecer estrada a baixo. Eu e o Paulo combinamos que iriamos tentar ir mais além, não sendo cedo, era perto de meio dia, continuamos a subir. Uma pequena descida junto ao centro de limpeza da neve e depois era sempre a subir até à Torre. Cruzamo-nos com os primeiros, que vinham já numa vertiginosa descida. O Paulo resolveu fazer-lhes companhia, com muita pena minha… lá segui, com o frio, o vento, o gelo, o nevoeiro e claro o meu carro de apoio, como companhia. Afinal nem ia assim tão sozinho! Num dado ponto do meu carrro de apoio veio a pergunta se não queria desistir. Fiquei indignado! Segui apressadamente, para não chegar atrasado para o almoço e cheguei à Torre por volta das 12:50. Mais uma foto dizia a repórter!!! Com o pingo do nariz quase congelado e o corpo perto da hipotermia (a temperatura variava entre os -2 e -4ºC) apressei-me em enfiar a bike no carro e entrar.

Tal como previsto o almoço decorreu na Pousada da Juventude de Penhas da Saúde, não sem antes tomarmos um banhinho bem quentinho para aquecer o corpo e a alma. Reconfortante foi também a companhia da família neste almoço e não fora a jardineira estar um pouco apurada de gosto a pimenta e tinha sido 5 estrelas, assim foram só 4…lol. Durante o almoço, ao quentinho da lareira ainda pudemos apreciar alguns flocos de neve que caíram lá fora. O Jorge Palma é que tinha razão em temer a neve, ela sempre apareceu!

Apesar do tempo agreste, da pimenta e de outras contrariedades, penso que a opinião quase unânime era de voltar para o ano.

Até lá então.

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VAMOS LÁ SUBIR A “BARREIRINHA”… CHAMADA ESTRELA!

As “Sensações”… by João Valente


Foi uma estreia subir ao ponto mais alto de Portugal Continental! Como tal sabia que tudo seria uma descoberta, tudo seria uma incógnita… ainda que, plenamente consciente da dificuldade altimétrica destes 27Km (Covilhã -McDonalds – Topo da Serra da Estrela)!

Assim, decidi concentrar-me e não oscilar muito, quer em termos de variações de ritmo, quer em termos de variações de frequência cardíaca! Depressa verifiquei que para manter este equílibrio iria fazer a subida praticamente sozinho, o que veio a acontecer… os mais rápidos (malta das rodas e bicicletas de estrada), depressa tomaram a vanguarda do pelotão, os menos rápidos também tomaram a posição da cauda do pelotão e as paragens iam ser frequentes (coisa que eu queria evitar!)

Consegui cumprir o objectivo de atingir o topo apenas com uma paragem para mudar a água (fria) dos tremoços, mantendo o equilíbrio entre cadência e FC! Para atingir esta meta… tive obrigatóriamente que sacrificar a máquina digital… o que me custou bastante dado à beleza inigualável da Serra da Estrela!

Até ao tunel a temperatura, vento e as possíveís condições adversas foram facilmente toleráveis! Daqui em diante, o frio aumentou consideralvemente especialmente nas zonas menos protegidas da estrada! O nevoeiro também impedia quase a visibilidade nas proximidades à Torre!

Senti-me muito bem ao longo de toda a subida e a sensação que iria conseguir a conquista do topo ainda me deu mais força e coragem para vencer os últimos quilómetros, e tentar abstrair-me do frio que se fazia sentir! Fica aqui a fotografia tirada pelo amigo Álvaro nos 1993 metros!

Uma palavra de Parabéns e Agradecimento ao colega e amigo RMendes e Hugo Caldeira pela exemplar organização logística do evento, que como todos sabemos dá sempre algum trabalho e dor de cabeça!

Para mim, a Rota da Estrela deverá ser um evento a realizar anualmente! Se a 1ª edição reuniu 14 trepadores e um espírito BTT 5*****, para o ano a 2ª edição, irá concerteza superar! Espero lá estar com estes 14 e outros tantos se possível!

Vemo-nos nos Trilhos!
JValente

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UN RETO PERSONAL

“Con dos Cojones”… by CLI


Cuando me propusieron escribir mi punto de vista sobre el paseo del sábado, realmente no sabía que contar, si lo que ocurrió días antes en casa, sólo comparable a un tornado tropical o bien contar la sensación de sentir en la cara el viento glacial que disfruté el día del paseo (la vida es un devenir de contrastes climáticos…).

Comenzaré por el principio:

Jueves: (Xana): -“¿Pero tú estás tonto o te lo haces?, ¡¡ No ves que te vas a quedar sólo, tirado en medio de la carretera, que ya no tienes edad para esto!! ¡¡Como enfermes te mato, a ti primero y a tus amigotes después!! ¿¿¿¿La bicicleta es más importante que yo, no es cierto????”

Viernes: “¿¿O sea, que al final estás pensando ir??¡¡ Como vayas me vas a oír!!”

Sábado: “¿Te levantas o qué?, ¡que ya son las 7 y media y vas a llegar tarde, como siempre…! ¡¡ Abrígate bien, que eres una flor de estufa!!” Etc, etc,etc.

En fin, que bien abrigado, bien reprendido y bien aleccionado sobre los peligros de la montaña en compañía de unos frikis de la bici, salí no muy convencido de mi casa a las 8.30 horas de la MADRUGADA (así, con mayúsculas).

Cuando llegué al Mc Donalds, casi me volví, vistas las bicis y equipamientos del personal (bicis de carretera con cuadro de carbono los unos, en calzón corto despreciando al frío los otros…) Y en ello estaba cuando llegaron AC, FMike y otro amigo en bici desde C Branco: os juro que ya iba a meter la Orbea en el coche cuando Neuza decidió comenzar a tirar fotos de grupo. ¡¡A ver quién era el guapo que abandonaba ahora!!

Comenzamos a subir por aquellas j*** rampas de Covilhã, junto a la Facultad , y ya, en aquellos escasos 500 metros fue donde dejé de ver a muchos de los compañeros de la partida y donde yo ya miraba para atrás para discretamente dar la vuelta, pero aún quedaba mucha gente en el pelotón y no iba a quedar bien. Al llegar a la Cámara, un semáforo separó al grupo “Farolillo Rojo” del resto, y así continuamos el resto de la mañana. El recorrido realmente valió la pena, sobre todo por el paisaje, Sanatorio y “energías negativas” incluidas y por la compañía, siempre muy bien atendido por Roberto, Paulo y nuestra reportera particular Neuza (no sé cómo tuvieron tanta paciencia). Paramos (bueno, paré) en cuatro ocasiones, recordando vagamente el camino de Jesús hacia el Calvario (solo que yo “no” andaba tan jodido, claro…), para coger un poco de fuerzas, comer un pastelito de manzana y demás porquerías que llevaba en la mochila.

Al llegar a Penhas da Saúde, yo ya tenía frío (salía vaho de nuestras bocas) y aunque bien podía haber andado unos Kms más, ya estaba hasta los “mismísimos” de la p*** bici, así que en previsión de un posible “pájara”, la consiguiente enfermedad y los posibles “malos tratos psicológicos domésticos”, decidí darme la vuelta y bajar a toda velocidad hacia el coche. Manda huevos: tardé 2 horas en subir y 22 minutos en bajar, lo que es la vida. El resto ya lo sabéis por los demás: duchas calientes y jardinera picante (el no va más de las perversiones ciclistas). En fin todo un reto personal (y un buen par de cojones) para alguien que hace 21 años coronó su primer puerto de montaña de 1ª categoría (y 17 que subió el último)…

Felicidades a Roberto y Caldeira por la organización. Nos vemos en otra aventura (perdona Xana, mi amor, pero es tanto el vicio…).
Beijinhos. Carlos

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A CONQUISTA DOS DOIS “CALHAUS” A NORTE DE CASTELO BRANCO

“Uma lição sobre ciclismo e montanha…” by FMike


A vida tem destas coisas. Há algum tempo atrás ao ler a história do Antonio Malvar sobre o início do Troia-Sagres, surgido pela sua necessidade que tinha, aos 40 anos de testar os seus limites, de se sentir vivo, vi-me um bocado ao espelho…. Tenho 39 anos, uma família unida e feliz, dois pirralhos que adoro, uma profissão que me realiza, vários desportos que me satisfazem. Que mais pode pedir um homem? Somente… desafios! Para poder testar o seu espírito de sacríficio, para poder apreciar o doce sabor das pequenas conquistas, para extrapolar os seus limites… no fundo sentir-se vivo!

São vários os desafios na calha. Alguns antigos, outros mais actuais, todos eles nos enfeitiçam pela mística que envolvem. Alguns são atingivéis, outros parecem-nos absurdos, outros ainda aparentam impossibilidade. Contudo todos eles são alcançáveis, assim nós o sonhamos, porque o sonho comanda a vida!

Destes pequenos e bons bocadinhos que levamos desta vida devemos sempre que possível tirar pequenas ilações, que quanto mais não sejam, nortearam novos objectivos e novas conquistas, que o futuro incógnito, de certeza nos trará. Eu, nesta conquista dos “calhaus” a norte de Castelo Branco, aprendi algumas coisas, que aqui humildemente partilho.

Hoje eu sei o quanto é importante o espírito de grupo numa equipa (de ciclismo, familiar, trabalho…) AC, o Álvaro e eu (FMike), saímos de Castelo Branco por volta das 06:50 horas, numa altura em que os raios de sol afugentam as últimas brumas da noite. O objectivo era claro – chegarmos à Covilhã por volta das 09 horas para nos juntarmos ao grupo que ia fazer a conquista da topo de Portugal. Para tal era necessário entrosamento, adaptação dos ritmos de pedalada e espírito de grupo. As bikes podiam ser diferentes, mas isso pouco importava. Delineada a estratégia – equipa alinhada, rotação a cada 3 km pela comando do pelotão, entreajuda nos locais mais dificiéis, obtivemos um ritmo de pedalada certinho, adequado a todos, que culminou na chegada à Covilhã a horas, com 64 km a uma velocidade média de 28 km/h e ainda com frescura suficiente para encetarmos a penosa subida. Para trás ficavam a bela subida da Gardunha, a alucinante descida até ao Fundão, onde emborcamos um cafezinho e claro a esponteinidade do reencontro com os 11 bravos que por nós esperavam no parque do Monteverde. Na subida a estratégia já se modificou – era impossível seguirmos todos juntos – muitas diferenças de andamento, níveis de treino muito diferentes, cedo ditaram a fractura. Tinha mesmo que ser assim. Para se atingir tal meta deve cada um estabelecer o seu ritmo e se puder alinhar num grupo que role igual. E foi o que aconteceu. Mas para a próxima tenho que me dedicar mais à minha cadência certa e menos às fotos.

Hoje eu sei o quanto é importante a alimentação e a hidratação - Quem anda nestas coisas há muito tempo tem sempre algo a ensinar-nos. Sempre soube da importância da nutrição e hidratação para os praticantes de exercício físico. Contudo as achegas do amigo AC foram importantes – “Come massa, bebe muitos líquidos” dizia ele. E assim fiz. Apesar de não ser muito amante de massas, na véspera foi massa até mais não… ora vejam lá a foto que o JV me tirou no serviço na noite anterior ao atacar o meu jantar….eheheh. No dia os números foram outros – em todo o percurso ingeri perto de 4 litros de líquidos, 3 barritas, 2 geles de fruta, 2 iogurtes, 1 sandocha XL, 1 maçã, 1 bolo e 1 bolacha. Já não falo do pequeno almoço reforçado. Tenho algo a melhorar – levar uma equipa a dar-me apoio a intervalos certinhos para não ir tão carregado.

Hoje eu sei porque desistem alguns desportistas - A subida começou bem – tempo agradável, um grupo bem disposto, um objectivo comum que parecia alcançável por todos. Alguns mais experientes – Álvaro, AC e o Agnelo, manifestaram o seu respeito pela montanha – “Vocês não sabem no que se vão meter!” Eu compreendia-os. Não obstante ser a minha primeira vez, sabia o quanto dura seria a subida. O que não sabia era o quanto duras eram as condições meteorológicas que iria enfrentar. Mantendo-me ao meu ritmo, intercalado aqui e ali com muitas fotos, algumas paragens para comer e alguns momentos de reinaria com alguns companheiros, os km’s lá foram sendo conquistados. Mas… a partir das Penhas da Saúde o tempo começou-se a enfarruscar. No Centro de Limpeza o vento em rajadas começou a fazer mossa, e ao passar dos túneis juntou-se o gelo, a neve e o nevoeiro ao vento implacável que quase me fazia parar a bike. Xiça… isto é que não estava no programa. As mãos geladas já não permitiam levantar o rabinho do selim, o polegar direito tremia no manipulo das mudanças, o gelo começava a acumular-se na bike. Confesso… com 4 graus negativos e a pouco mais de 1 km do objectivo raiou na minha consciência desmontar da bike, esperar pelo meu transporte e voltar para baixo. Mas porra!!!! “Morrer na praia“? Nem pensar! Não vim cá para desistir! E aqui pesou muito o factor psicológico. Sentia-me motivado, achei que iria conseguir! Mais!… Cruzar-me com Agnelo a descer a dizer que era impossivel estar lá em cima, ver o JValente a seguir-lhe as pisadas e depois o Álvaro e o AC, acirrou mais ainda a minha vontade de lá chegar e por a bandeira BTTHAL no ponto mais alto de Portugal. Não pode haver impossíveis! E consegui! Mas também compreendi que é fácil desisitir, que é ténue a fronteira para a exaustão, que nem todos somos iguais. Os meus parabéns a quem conseguiu e a quem tentou – não há vencedores! Para trás ficaram 92 km duros em termos físicos e psicológicos. Mas são estes desafios que nos engradecem a alma e nos fazem ansiar pelo próximo desafio. E, proporcionalmente, aumentei ainda mais, o meu respeito pela montanha!

Hoje eu sei porque há loiras e morenas aos beijos aos ciclistas no fim de cada etapa - Quando enfrentei os últimos metros sabia de antemão que tinha lá em cima a minha caravana à espera. Desenganem-se se estão a pensar em massagistas deslumbrantes, um quarto aquecido, roupinhas xpto, e claro manequins aos beijos, todas dengosas… Lá em cima só tinha mesmo à espera a minha pequena equipa – uma esposa e dois pirralhos cujos os beijinhos me aqueceram mais que qualquer massagista, qualquer manequim ou qualquer roupa. Calorosos, souberam-me a prémio depois de tão árdua jornada. Uma “vitória” destas só tem esse sabor quando pode ser partilhada, assim, com quem mais queremos. Para a história fica o reparo graçola do meu puto que consternado olhou para as minhas calças, ensopadas em suor no meio das pernas e disse – “Ó pai… tu fizestes xixi nas calças!”

Hoje eu sei porque choram alguns homens - Deixo aqui somente uma foto. Nem todos poderemos alguma vez atingir todas as vitórias que desejamos. A dificuldade não está nas distâncias, nas subidas, nos trilhos, no peso da bike. Está em sabermos qual é o nosso limite físico e psicológico e evitá-lo, melhorando-o.

Bem hoje alonguei-me, naquilo que devia de ser uma simples achega. Ainda me estão nas retinas todas as bonitas paisagens conquistadas com a minha Mike-Trek, paisagens essas que têm outra beleza, vistas assim em duas rodas. Ficam-me igualmente registados os bons momentos que passei com todos os companheiros de biclas que hoje se atreveram a fazer esta conquista do topo de Portugal. Um convívio que acho que não deve ser votado ao esquecimento, mas sim cultivado, pelo menos até que “as pernas nos doam”.
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