sábado, 2 de fevereiro de 2013

Ruta del Emperador 2013

Boas a todos! Um pouco de história...
 
Filho de Felipe I "O Belo" e de Joana "A Louca", Carlos de Habsburgo, nascido em Gante a 24 de Fevereiro de 1500, tornar-se-ia com a jovem idade de 20 anos, num dos  mais poderosos e ricos imperadores que a humanidade já conheceu, destacando-se da maioria dos imperadores, quer pela sua idade, quer pela forma como chegou a deter tal vastidão de territórios e poderio.
 
 
Ao contrário de outros imperadores, que chegaram a tal muitas vezes envelhecidos e já fracos no poder, Carlos de Habsburgo, tornou-se Rei e Imperador Carlos V por herança e sucessão e não somente pela força, em pleno auge da sua juventude.
 
 
Do lado do avô materno, Carlos herdou a Espanha e suas ricas colónias da América Latina, e também a Sicília, a Sardenha e Nápoles. Pelo lado do avô paterno herdou a Áustria, o Tirol, algumas províncias do Sul da Alemanha, os Países Baixos (hoje Holanda e Bélgica) e o Condado Franco.
 
 
Esta sucessão de factos, para além de o tornar poderoso e imensamente rico pelo ouro e prata do outro lado do mar, tornou-o tambem um sucessor dos designios do antigo Imperador Carlos Magno, que tinha como missão a defesa do Catolicismo e de tudo o que isso representava na Idade Média e Renascimento - intrigas religiosas, poder e claro a guerra, em nome da paz universal e na luta contra mulçulmanos e hereges.
 
 
Em constante modo de viajante por todo o seu império, debateu-se ao longo do seu reinado com algumas guerras importantes, em três frentes de resistência e ação: Europa central, submetida à ameaça dupla de protestantes e de turcos, incluindo a defesa do Mediterrâneo central, com bases na Itália e na Sicília, o crescente interesse no Norte de África e as conquistas nas colonias da America Latina.
 
 
Depois de um reinado intenso, o imperador minado pela doença e algum desânimo, abdica em 1556 a favor do seu filho, Felipe II, exceto o Sacro Império e suas terras austríacas, que entregou ao irmão Fernando, retirando-se para o Monasterio de Yuste, onde viria a falecer a 21 de Setembro de 1558.
 
 
Um pouco de aventura!...
 
 
A Ruta Del Emperador  permite ao "Senderista" (Caminheiro) percorrer o antigo caminho que liga Jarandilla de la Vera, Aldeanueva de la Vera e Cuacos de Yuste ao Monasterio de Yuste, o mesmo caminho percorrido por Carlos V, em 3 de Fevereiro de 1557, quando do seu refugio neste mosteiro.
 
 
Podendo fazer-se em qualquer altura do ano, é no inicio de Fevereiro que toda a regiao se envolve, planeia e realiza todo um evento teatral, historico e sobretudo gastronomico e de lazer, atraindo inúmeros caminheiros (10.000 este ano!),  até estas pequenas povoações plantadas nas faldas da majestosa Sierra de Gredos, que domina toda a linha de paisagem com lindissimos picos e gargantas rochosas, pejadas de neve.
 
 
Há já algum anos que almejava rumar a este local para percorrer este passeio pedestre com somente 13 km, mas pleno de historia, bons caminhos e excelente confraternização. Surgindo a oportunidade de acompanhar a malta da Confraria dos Caminhos, ala que se faz tarde e ás 5:30 arranquei até Espanha, para mais um excelente dia de aventura com a Maria e toda esta malta - 16 no total - Paula, Benvinda, Piedade, Guida, Felizarda, Gena, Né, São, Fernanda, Jaime, Matos, Branco, Fernando G. e o Zé Manel.
 

Apesar de longe (para lá de Plasência), com boa companhia o longe faz-se perto, e ás 08:30 h estavamos em Cuacos de Yuste, para deixar o carro e apanhar o autocarro (gratuito) que nos levaria a Jarandilla, local de inicio de todo o passeio e onde compramos os nossos passaportes carolinos.
 
 
Apesar do muito frio, alimentado por um vento algo furioso e algumas pingotas de neve que esporadicamente iam caindo, a malta ia aquecendo, nem que fosse alimentada pelo "fogo da boa disposição". Chegados ao Parador de Jarandilla, cruzamo-nos com o cortejo do Imperador, ali paredes meias com o fornecimento de cacau quente e churros, onde rapidamente nos dirigimos, pois faz parte da "praxe"!
 
 
Depois de passarmos junto á Iglesia de San Agustin, saimos de Jarandilla, por um caminho calcetado, algo irregular, bem engalanado pelas bandeiras do imperador, e claro, pejado de caminheiros, muitos deles repetentes convictos. Bonito de se ver toda aquela massa humana!
 
 
Depois de uma descida algo ingreme e escorregadia chegamos á Puente Parral sobre a Garganta de Jaranda, uma impressionante ponte antiga, que dispôe bem a fotos, desenhos, (urinadelas! ihihih!) etc... Linda paisagem!
 
 
A partir dali, a pendente torna-se ascendente, por entre floresta de carvalhos, sempre sempre dominada pela bonita vista da Sierra de Gredos. No cimo da subida, uma bonita bandeira dominava a paisagem espanhola - SLB! Até aqui vamos na frente!...
 
 
Passado esta mata de carvalhos entramos em Aldeanueva de la Vera, onde pudemos observar a Iglesia de San Pedro e a Fuente de los Ochos Caños. Aqui a malta já sequiosa da "ingreme subida" aproveitou para hidratar a garganta não com água mas sim com umas cañas no café ao lado!... ehehehe!
 

Na Plaza Central aproveitamos a Feira Medieval que ali se realizava e compramos um pouco de tudo, de toucinho salgado, a pão de kilo, de óstias benzidas a "cerveza" artesanal, tudo para compor o estomago mais logo...

 
 
 
Entravamos agora na recta final até Cuacos de Yuste, onde passamos na Plaza Central, toda a malta se reunia para desgustar as famosas migas extremeñas, que subtilmente declinamos (bah!...) pois ainda tinhamos de fazer os restantes 2 km de ascensão até ao Monasterio, local onde se encerra todo o passeio e se recebe a chancela, que atesta o nosso carácter "senderista".
 
 
Lá chegados, estava a "corte espanhola" a sair do Monasterio, nao podendo por isso visitar-se todo aquele bonito e majestoso edificio historico, com muita pena minha. Fica para a proxima.


Já com o estomago a reclamar, iniciamos a descida novamente até Cuacos, sem antes nao deixarmos de aproveitar para visitar o Cementério Militar  Aleman, ali bem perto do Monasterio, um local de repouso dos inumeros combatentes alemães que morreram nas grandes guerras em solo espanhol... local triste mas com uma beleza própria...
 
 
Regressados a Cuacos, juntamos o farnel e abancamos literalmente num dos alpendres que dominam o casario daquela região, onde dispusemos de inumeras iguarias gastronomicas, bem portuguesas, que regalavam os olhos aos espanhois, "mal alimentados" por aquelas migas de gosto duvidoso... pode ser tradição, mas prefiro um bom copo de tinto, acompanhado de toucinho, morcela e queijo de ovelha!
 
 
O regresso a CBranco fez-se ás 17:30, com a malta algo cansada da viagem e do passeio em si, mas alegre e contente com muitos bons momentos passados, mais uma vez de mochila ás costas, botas nos pés e boa disposição contagiante! Vale a pena passar assim um sábado!
 
 
Até breve
 
FMike :-)

Todas as fotos:
 
 

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