quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Por Terras do Contrabando...

BTTHAL em Contrabando!?!? Mas… contrabando de quê??? Barras Energéticas, equipamentos, bicicletas topo de gama… nahhh… nada disso! BTTHAL navegou até Terras de Contrabando para mais uma memorável aventura Geocaching… aliando as sempre fiéis bicicletas todo o terreno.
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Foi no dia 14 de Setembro que rumámos a Segura em 4x4 levando connosco as Trek bikes! O dia iria mostrar-se com temperaturas excelentes para a prática de ambos os desportos: BTT e Geocaching! Depois de um fim-de-semana molhado com bátegas de água a assolar a região, a segunda-feira nasceu amena com o sol escondido ao raiar do dia mas a mostrar a sua temperatura de verão a partir do meio da manhã!


Eram 9:00 e já tínhamos aparcado em Segura, bem perto da Igreja Matriz da localidade. Bikes on fire, abastecimentos orientados (às costas) e siga… rumo a Salvaterra do Extremo! A cerca de 10Km’s de Segura,... Salvaterra encontra-se a um nível altimétrico superior… pelo que iniciámos a nossa jornada com pendente ascendente! Ehehehe!


Foi já em Salvaterra que “aquecemos” a alma com um cafézinho e demos inicio à nossa aventura geocachiana com a Multi-cache “Rota dos Abutres” (GC1JG90) É uma cache que convida a conhecer alguns pontos da pacata localidade, direccionando depois o geocacher a conhecer a belíssima Calçada Romana, bem como o aprazível percurso por entre muros e olivais, até à praia fluvial e às azenhas do Erges, passando pelas furdas, tradicionais pocilgas construídas em pedra, de forma cilíndrica, pela antiga caseta do guarda e, finalmente, já com vista sobre as gargantas do rio Erges, entre Salvaterra do Extremo e o castelo espanhol de “Peñafiel surge a cache final que proporciona uma vista soberba e o gosto vitorioso da conquista do tesouro. Não é um percurso fácil quando levamos como companhia uma bicicleta, havendo necessidade de apear aqui e acolá atendendo ao piso técnico da calçada… ainda assim constitui um bom desafio a aliar à beleza paisagística do local.


Conquistadas as fragas do Erges, foi tempo de seguirmos o curso do rio (completamente seco neste período estival) pelas sua margem portuguesa até ao açude, que foi recentemente restaurado e requalificado, permitindo a paisagem para terras de nuestros hermanos, onde tínhamos como objectivo a conquista de outra Geocache “Peñafiel em Espanha” (GC1FM65).


Esta cache leva-nos até ao Castelo de Peñafiel, monumento histórico que se encontra assente perto do desfiladeiro que lhe serve de pedestal e de onde se vê o vazio sobre o rio Erges. Supõe-se que este castelo teve a sua origem na época em que os muçulmanos dominavam a Península Ibérica. Hoje, em ruínas é palco de atracão turística, bem como de observatório privilegiado das aves de rapina que descrevem os seus majestosos voos entre as escarpas dos dois países.


O percurso até ao Castelo corresponde a um percurso pedestre marcado que liga as localidades de Salvaterra do Extremo a Zarza la Mayor, hoje denominado de Rota do Contrabando. A bicicleta permitiu-nos o transporte mesmo até à porta das imponentes ruínas do Castelo de Penafiel, onde fomos descobrir os encantos desta construção e apreciar a majestosidade da paisagem após a conquista da cache!


A manhã corria a passos largos e os Km’s também se iam acumulando. Regressámos a Salvaterra do Extremo com a sensação do objectivo nº2 cumprido. Seguiam-se agora 2 caches de dificuldade extrema atendendo à sua localização. “O Salto da Kabra” (GC1NAAK) e a “Torre Portuguesa” (GC1QCZO).


O "Salto da Cabra" é um belo miradouro natural (do lado português) que nos permite apreciar de outro ângulo toda a paisagem envolvente ao Rio Erges. Consegue-se visualizar o Castelo de Penafiel, a Torre Portuguesa, os Abutres, o Erges, e como não podia deixar de ser as “famosas” cabras que pastam livremente no local e que andam aos saltos de um lado para o outro. Eh eh eh! Conseguimos transportar as bicicletas até cerca de 100 metros do local da cache, fazendo depois a abordagem a pé até ao topo do miradouro! Já com a descoberto do “tesouro” pudemos apreciar a imponência da paisagem e reinar com umas fotografias bem originais com a cache! Eh eh eh!


A Torre Portuguesa, também conhecida por Torre de Atalaia supõe-se que tenha sido construída no século IX. A sua configuração é idêntica a um torreão de um vulgar castelo e reza a sua história que foi construída com o objectivo de permitir à fortificação de Salvaterra do Extremo um novo ângulo de visão sobre os eixos de aproximação vindos do Moinho do Seco. A sua localização é na encosta escarpada de acesso ao Rio Erges, onde não existe trilho marcado. Foi um pequeno calvário para acedermos a tal local e após buscas intensas tivemos de desistir sem conquistar o tesouro escondido por esta torre! Foi um momento de algum desalento para nós! Tal travessia até este local inóspito sem o sucesso pretendido. Restava-nos o calvário do regresso ao local da bicicletas… uma ascensão íngreme a apelar ao espírito de sacrifício! Objectivo não cumprido!!!!


Em Salvaterra re-hidratámo-nos e ganhámos força para seguirmos caminho de regresso a Segura, onde tínhamos estabelecido efectuar o nosso almoço (já tardio!) Os 10 Km’s que distam a duas localidades foram agora bastante aprazíveis, uma vez que a descida foi quase uma constante, salvo uma ou outra subida a quebrar o ritmo acelerado!


Chegámos a Segura com cerca de 45Km’s já percorridos. Almoçámos num café local e delineámos nova estratégia para a conquista das nossas próximas caches!!!! “A Salto” (GC103AM) é uma Geocahe de Segura que pretende homenagear a emigração "a salto"!


Histórias de alegrias e sofrimentos, de partidas e chegadas. Parte-se para descobrir novas terras e gentes mas, principalmente, para trabalhar e melhorar a vida. De carro, camioneta ou a pé, por estradas secundárias, montes ou ribeiras mas quase sempre de noite, com uma mala de cartão na mão. Dá-se o “Salto”, para que a vida nunca mais seja a mesma, para contrariar o destino, para vencer a miséria. Muitos não chegaram a conseguir emprego, alguns foram enganadas por "passadores" sem escrúpulos, muitos mais viveram vidas de que se envergonham, alguns tiveram sucesso e voltavam a Portugal para aclarar a alma derretida pelas vicissitudes da vida de emigrante. Os emigrantes portugueses, que davam o "salto", eram perseguidos através da fronteira, pela Guarda Fiscal, seja nos montes e vales, seja em inspecções persecutórias aos autocarros ou carros particulares pelas polícias do Estado Novo. O mesmo Estado que acolhia, com satisfação, as remessas que os emigrantes enviavam para as famílias que ficavam por cá, muitas vezes velhos e crianças, esperando ansiosamente notícias dos seus idos e algum meio de subsistência para enfrentar a vida difícil que tinha "expulsado" os seus entes queridos.


Esta cache levou-nos a um dos locais por onde passaram alguns emigrantes na sua tentativa de ludibriar os postos fronteiriços. Mais uma vez estivemos junto ao Erges, com um pé em Portugal e outro em Espanha! A maré de azar “conquistada” na Torre Portuguesa pareceu ter-nos acompanhado até aqui, pois também não descobrimos o primeiro ponto desta multi-cache! Terá desaparecido, certamente! Ainda assim… a nossa intuição e alguma ajuda por parte de um geocacher (via telefone) levou-nos até bem perto do local final! Mais uma garganta (seca) do Erges, onde as rochas do leito do rio polidas pela passagem da água ditam uma beleza invulgar àquele local! O geocaching é isto mesmo… leva-nos a partilhar locais de beleza invulgar e de histórias insólitas! Num rasgo de sorte ainda conseguimos encontrar a cache final… um contentor muito peculiar e invulgar… uma Ammo Box… recipiente metálico utilizado para armazenar e proteger munições! Diferente de tudo a que estamos habituados!


Do Erges para regressar ao centro de Segura são 2Km’s sempre a subir! Este sobe e desce constante da bicicleta, a que o Geocaching obriga, leva-nos a um cansaço precoce e à fadiga rápida dos músculos! Sentia-mos as pernas moídas pelo constante sobe e desce do dia de hoje. Chegámos ao nosso carro de apoio com 50Km’s percorridos! Optámos assim por ir no encalce da última cache prevista para fazer em BTT… mas de “rabinho tremido”, via 4x4… e foi a melhor opção! Eh eh eh!


Era mais uma cache que tinha o Erges como actor principal… “Navegar até ao Erges” (GC1R9PA), cujo objectivo era delinear um trajecto (navegação) por entre um vasto número de estradões possíveis. Tipo labirinto onde existe uma entrada e uma saída que corresponde à cache final e respectiva janela panorâmica sobre o Rio Erges, neste local com presença de água e… profundas! O labirinto foi vencido…. após a delineação prévia do trajecto… aquilo a que o geocacher chama de “trabalho de casa”, muitas vezes fundamental para o sucesso do jogo!


O dia estava mesmo nos “finalmente”… mas ainda estava por conquistar a última do dia “A três bandas” (GC1G2KC), uma cache que nos dá a conhecer a história e paisagens sobre Alcântara (Espanha), a sua Ponte Romana e a sua mais recente Barragem de Alcântara. Esta… a menos trabalhosa do dia, uma vez que já tínhamos efectuado todo o trabalho de pesquisa previamente. Assim foi chegar, cachar e apreciar a imponência deste miradouro sobre a Barragem Hidroeléctrica de Alcântara… um colosso, que em dia de descarga hídrica deve dar um espectáculo vivo da força da água!!


O discurso já vai bemmmmm longo… mas há que dizê-lo: Foi um dia em cheio e… de barriga cheia! Cheia de BTT, cheia de Geocaching, cheia de companheirismo, cheia de bons momentos… com Portugal e Espanha à mistura. Um dia repleto de aventuras… para mais tarde recordar… e… quem sabe… voltar a repetir!!

Fiquem Bem
João Valente

1 comentário:

Agnelo disse...

Excelente! Apesar de conhecer a zona há aí muitos recantos que me são alheios. A próxima aventura desse calibre que façam avisem.

Abraço