quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SNOW SS

Boas a todos :-)
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Bem escondidinho nos recônditos das nossas mentes de adultos, está lá um cantinho do nosso “Eu”, de carácter predominantemente infantil, que deseja secretamente em cada Inverno que passa, que a neve faça a sua alva aparição.

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Essa desejada chegada, possibilita, o regresso á luz do dia, da criança que há em nós, liberta de complexos e regras, para poder brincar livremente na alvura desse manto, rindo e divertindo-se com o inesperado e fortuito evento, contagiando miúdos e graúdos, com uma alegria a que ninguém fica indiferente.

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Longe vão os anos de 1984 (?) e de 1995, quando os meados de Fevereiro brindaram os albicastrenses com a aparição desse bonito fenómeno que é a queda da neve em quantidade. Desde então essa nossa criança escondida tem ansiado pelo momento, uns anos mais que outros, entrecortados aqui e ali com umas incursões á Estrela para saciar essa “fome” de neve. Mas teimosa e esquiva, esteve 15 anos arredada na nossa presença, tornando-a cada vez mais cobiçada, sobretudo quando os noticiários davam conta da sua aparição em outros locais, alguns dos quais pouco habituais. E o povo dizia: “ esta terra é mesmo desconsolada… nem neva nem temos praia!”

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No domingo os “weather chanels” iluminaram a tal secreta esperança com uma possibilidade de ela aparecer, embora o “pouco” frio que se fazia sentir, deita-se um pouco por terra essa esperança. Uns foram pedalar, outros como eu foram trabalhar, sempre com o cinzentão carregado do céu sobre nós, desconfiando, no meu caso, que o boletim ia ser novamente “mentirológico”, pois não me parecia nada viável que tal acontecesse…mas a secreta esperança estava cá!

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Eis então quando, ela surge de mansinho…
Batendo leve, levemente, como quem chama por nós…
Seria chuva? Seria gente?...
Gente não era certamente (4.º andar!)
A chuva não bate assim…
Fui ver á janela (do Hospital)…
A neve caía do azul cinzento do céu,
Branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via! (Desde a Invernal da Guarda!)
E que saudade, Deus meu! (da molha, dos pés gelados, do frio no corpinho…. Ehehehehe!)

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Pois é… enquanto cuidava dos meus doentes cá dentro no quentinho, lá fora os farrapos brancos iam caindo, umas vezes mais abundantes, outras vezes quase em chuva, sempre com algum frio á mistura… Ná, ná, pensava eu, isto não vai acumular… E imaginava os maganos das Docas que tinham ido pedalar e que tinham tido a grande sorte de apanhar assim bucolicamente este bonito evento e eu ali fechado…

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Logo ali me surgiu a ideia…mesmo que não acumule, na Gardunha deve estar um bom manto…e que tal desafiar o JValente para amanhã irmos pedalar até lá? Bem pensado, melhor foi combinado. Contudo o boletim acertou as previsões e a neve começou a cair inclemente, pintando de branco toda a paisagem nocturna, pelo que pelas 22 h a decisão conjunta já era de só darmos umas voltas pelas redondezas, tal era a intensidade do fenómeno.

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E assim foi. Pela manhã, quando as condições pareceram minimamente razoáveis para irmos pedalar, já bem perto das 09:30 h e depois de uma cafezada quentinha na Pastelaria da rotunda do Modelo, lá fomos então fazer uma incursão BTTHAL em SS á alva paisagem que nos inundava as retinas para onde quer que a gente olhasse… espectacular!

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Sem destino certo ou planeado, fomos evoluindo nos trilhos, ao sabor do prazer de pedalar no manto fofo e á velocidade da máquina digital, ávida para registar todas aquelas paisagens nossas sobejamente conhecidas mas que hoje tinham um visual completamente diferente, tornando-a numa paisagem surreal, cheia de novas impressões a descobrir…

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IMPRESSÕES
Nem parece que estávamos na mesma cidade, nas mesmas ruas, nos mesmos trilhos por nós todos sobejamente conhecidos. O alvo manto que cobria todos os recantos davam uma luminosidade tal á paisagem, que tudo parecia diferente… pureza, tranquilidade, indolência, quietude, beleza imensa, eram os adjectivos que nos vinham á mente á medida que deixávamos a cidade meia empastelada pelas dificuldades de progressão dos automoveis, e começávamos a calcorrear trilhos conhecidos. Aquilo que já eram trilhos mais que batidos, indiferentes mesmo, tornaram-se em trilhos “novos”, cheios de recantos para descobrir, paisagens alteradas, um mimo de sensações novas a desvendar…

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SENSAÇÕES
Apesar de não ser a minha primeira vez a pedalar na neve, hoje foi um dia de imensas e novas sensações. Primeiro o macio da neve, que comparei em determinados locais a pedalar sobre a areia. Noutros sitios, em que o gelo por baixo já dominava, parecia mesmo que estava era a pedalar num enorme pacote de manteiga. Contudo a sensação foi tentar decifrar por cima daquele imenso manto branco por onde é que era o trilho habitual… e isso foi mesmo o mais difícil nalguns locais, sobretudo quando as regueiras e as valetas encobertas pela neve se metiam na nossa roda, fazendo-nos priclitar em equilíbrio, apesar de tudo sem nunca termos ido ao “tapete” provar a doçura da dita… No fim foram 30 km pedalados mas muito, muito cansativos, tal é a dificuldade de progressão – ¼ de pedalada prá frente, ¾ a derrapar, foi mesmo a constante física do dia, exacerbada na etapa derradeira, a subida ao Castelo, em que o gelo dominava as ruas medievais, proibidas ao trânsito tal era a quantidade do ice... era caso para pedir um martini, pois gelo havia q.b.!

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PRAZERES
Bem,... pedalar na neve foi isso mesmo, um prazer excelso, difícil de descrever… Alguns colegas chamaram-nos de "malucos" quando souberam que iamos pedalar, mas quem aqui vem espreitar as nossas aventuras estará tentado a concordar connosco que onde os outros vêem "maluquice", vimos nós fonte de prazer, por vezes oportunidades únicas - desfrutar a ginga, por paisagens nunca antes vistas, pedalando em condições nunca antes sentidas, usufruindo do que de melhor a Natureza nos dá...
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Fiquem bem!
Fotos FMike:



Fotos JValente:


3 comentários:

Anónimo disse...

Que inveja da vossa maluqueira. Alguém tem que trabalhar neste pais, para outros andarem a brincar com a neve, este foi o meu caso, que embora um pouco mais tarde que o habitual fui trabalhar.
Um abraço.Fidalgo.

Pinto Infante disse...

De facto a Beira encheu - se duma beleza ìmpar. Invejo os teus bonecos de neve, mas também os houve para a Lardosa. Um dia destes roubo te um. Quanto ao trabalho do Fidalgo, foste o teu caso?!Ah pois brincar na neve, eh eh.....ficamos assim.
Abraço
Pinto Infante

Agnelo disse...

Tou com o Abílio. Estava na escola a tentar "normalizar" as coisas e fazer regressar a casa alguns alunos que tinham vindo à escola, quando vejo passar um pontinho cor de laranja pela avenida de Zhuhay a baixo. Fiz zoom na ocular e consegui descortinar uma SS branca e um impermeável cor de laranja. Só podia ser o J. Valente. Confesso que fiquei roído de inveja - EU TAMBÉM QUERO! - pensei. Mas como diz o Abílio, alguém tem que trabalhar, hehehe.
Parabéns pelo relato e pelas fotos.
Abraço
AQ