Boas a todos!
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Decorreu no passado dia 6 de Junho o I Passeio BTT Terras de Xisto, promovido pela parceria Clube PTelecom, Empresa Vila Fraga e a J. Freguesia de Almaceda. Esta organização tripartida prometia um bonito passeio de BTT por terras de pura serrania, em trilhos de xisto, e florestas de impar beleza, com recantos esplendorosos da Ribeira de Eiras. Ao mesmo tempo a Organização acolheu ainda um encontro de agrupamentos de bombos e um singular passeio pedestre ao longo do PR 2 CTB, que liga Almaceda a Martim Branco. Estava então dado o mote para aquilo que poderia ser um espectacular dia de convívio, confraternização e bons momentos com e sem ginga. Mas…
… Mas o S. Pedro fez das suas! Depois de muitos dias cálidos e ensolarados, a quinta e a sexta feira estiveram acabrunhadas e a madrugada de sábado seguiu-lhes os passos. Aguaceiros, vento e nevoeiro fizeram muitos preferir o calor dos lençóis a molhar o corpinho pela serra do Açor acima. Mas houve resistentes! Eramos poucos mas bons. Alguns vieram de bem longe, mas a unir-nos estava a vontade de pedalar, de descobrir, de ver bonitas paisagens. E nem a inclemente chuva que teimava em cair até quase á hora da partida nos fez claudicar.
Uns melhor – capas de marca xpto, outros pior protegidos – de manga curta e tshirt, lá fomos perfilando para primeiro ouvirmos algumas orientações e depois para fazermos a saída que se deu à hora marcada. A maioria tinha por destino o percurso mais curto e menos exigente – 40 km. Eu destinado aos 60 km, queria mesmo era subir lá acima e cedo tive, para esse objectivo, a companhia do João Afonso, do João Caetano e do Nuno Delgado da Amareleja. Numa das raras abertas do S. Pedro, lá saímos em direcção a Martim Branco, por um trilho bastante rolante até ás proximidades das Rochas de Baixo, entrando depois nos singles que nos levaram aos moinhos de Martim Branco.
Aí, habituadinhos a que estamos a atravessar as hortas para chegarmos á aldeia, nem vimos a indicação para a direita que dava acesso a mais uns singles e fomos logo direitos á aldeia, onde rapidamente nos apercebemos do erro. Contudo o engano foi nosso, porque verdade seja dita e os parabéns dados á organização, as marcações dos trilhos estavam simplesmente irrepreensíveis.
Depois de reorientados e novamente reagrupados lá seguimos viagem em direcção ao Barbaído onde fizemos uns bonitos mas muito escorregadios e técnicos singles que obrigaram a algum pedestre até chegarmos à ribeira de Almaceda onde pela primeira vez molhamos a meia. Isto para quem ainda ia seco o que não era o meu caso, pois a chuva já me tinha bem molhado.
Aí tivemos o primeiro de muitos abastecimentos. Parece irreal mas acho que tivemos ao longo de todo este passeio alguns 7 ou 8 abastecimentos… Reiniciada a marcha atravessamos a EN 112 em direcção ao Chão da Vã onde não entramos para subirmos para a zona de Valbom, sempre por estradões de bonito pinhal, alternando aqui e ali com bonitas paisagens de serra, encimadas pelo nevoeiro.
Depois de cruzarmos a estrada do Vale Bonito e passarmos Valbom, aconteceu a única chatice do dia, quando a desgastada corrente alentejana do Nuno decidiu ficar deitada á sombra de um pinheiro depois de partir… Lá tivemos que ceder o ferramental e um elo-link para o rapaz poder continuar.
Dali á Paiágua foi um saltinho, mas um saltinho que ditava o agravamento das subidas, quer em pendente, quer em tecnicidade, pois a chuva e o piso de seixos molhados iria dificultar a tarefa de chegar ás eólicas.
A verdadeira parede iria surgir depois de cruzarmos novamente a EN 112 na zona da foz do Giraldo, numa rampa brutal que nos levou até ao cimo da serra. Muito, muito técnica devido á pedras e á chuva e muito muito inclinada foi quase um martírio conseguir chegar lá acima montado na ginga, obrigando mesmo no meu caso a meter a avozinha nos metros finais, tal era inclinação da bicha.
Mas chegados lá acima para além de algumas exclamações de admiração da malta da Palegessos por termos subido tudo aquilo, a serra brindou-nos com uma vista nos enchia a retina em toda a sua linha, pois permitiu uma vasta observação do nosso bonito horizonte, aqui e ali escurecido pelas muitas nuvens carregadas de chuva. Excelente paisagem.
Mas as subidas ainda nem a meio iam. Do alto do Adgiraldo até ao Ingarnal a sucessão de subidas era aqui e ali bem molhada pela chuva que teimava em fazer-nos companhia. Mesmo no alto do Ingarnal surgia a separação de rotas quem queria só 40 km tinha um trilho sempre a descer até Almaceda que brilhava lá no fundo da serra.
Quem teimava em subir tinha uma vasta subida, bem demarcada na falda da Serra do Açor, rumo às muitas torres eólicas que dominavam a paisagem. Depois de mais um reabastecimento, lá nos fizemos ao desafio. Pelo que soube muito poucos subimos lá acima, mas pena dos que não foram… não sabem o que perderam!
A arfante e prolongada subida, culmina com um estradão ao longo de toda a cumeada da serra, serpenteando entre as muitas eólicas, abarcando uma vista ainda mais espectacular! À esquerda toda a cordilheira da Serra da Estrela domina a paisagem… Em frente vislumbra-se a Gardunha, com S. Vicente da Beira a brilhar a meio caminho. À direita, lá longe, brilhava a Marateca e bem lá em baixo, quase aos nossos pés, as Rochas, Almaceda e Ribeira de Eiras pareciam minúsculas. Éramos mesmo umas águias no topo do mundo! Espectacular!
Depois de mais um abastecimento e uma bonita foto de grupo, esperava-nos agora a adrenalínica descida até à Ribeira de Eiras devidamente sinalizada como perigosa. E era! Com muita gravilha solta e agrupada em grandes magotes, a ginga contorcia-se toda para se manter em equilíbrio, mas com perícia e alguma astúcia lá conseguimos chegar todos abaixo sem incidentes.
Num rápido estradão, ainda com algumas subidas, depressa fizemos o regresso a Almaceda onde entramos perto das 13:30, molhado até ao tutano, enregelado pelo frio, mas com a retina cheia de boas vistas e as pernas bem amaciadas pelas excelentes rampas. Muito bom.
Seguiu-se um banho “quente” nas instalações da Praia Fluvial e depois um lauto almocinho onde não faltou o toque caseiro daquela região – Chanfana, bifes, muita salada, tudo bem regado pelo tinto. Servido á descrição e em quantidades abismais, foi este manjar ainda complementado pelo queijinho de ovelha e pelo arroz doce servido á bandeja (João Valente!... aqui enchias o papinho!). Fiquei que nem um abade!
Para alegrar o conjunto estava ainda a malta dos bombos a tocar e a dançar ao desafio, numa tal algazarra que quase nem nos ouvíamos!
Excelente passeio a todos os niveis. Assim vale a pena vir. Repitam lá sff pró ano! Igualmente foi excelente a companhia para estes singelos mas durinhos 60 km Obrigado Joões e Nuno e demais companheiros. Um abraço especial ao Pedro Antunes por nos ter proporcionado um excelente passeio de BTT. Ali notava-se que havia conhecimento e gosto pela modalidade. Obrigado amigo!
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FMike
FMike
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