terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Castelo Branco - Santiago.... a 16ª Etapa!

Boas a todos!
 
Já chegamos a Ponte de Lima, lá mesmo em cima, em pleno Minho, já a "cheirar" a Espanha!

 
Devido às exigências académicas em que estive entretido a "esfolar o rabo" ao mestrado, acabei por não publicar aqui o rescaldo das etapas 12, 13, 14 e 15, que realizamos em Dezembro e Janeiro, ligando respetivamente Loivos do Monte a Amarante, Amarante a Felgueiras, Felgueiras a Guimarães e Guimarães a Braga.

 
Ressalvo nestas etapas precedentes a beleza extraordinária de Amarante, com as suas gentes calorosas, o ambiente histórico-cultural fantástico de Guimarães e a imponente e constante presença eclesiástica em Braga.

 
Foram etapas plenas de bons momentos, muito frio, muita chuva, mas sempre com um espirito de caminheiro e peregrino à prova dos elementos. Vale a pena calcorrear estes Caminhos milenares.

 
Agora mais desafogado, cumpre-me deixar aqui a descrição das etapas 16 e 17 que realizamos ao longo deste fim de semana, ligando Braga a Goães e Goães a Ponte de Lima, no fantástico Minho.

 
Para não complicar as viagens, adotamos pela 2ª vez, pela solução de fretarmos um autocarro para nos levar e trazer a casa, "sãos e salvos", sem as importantes preocupações em dormir pouco e conduzir muitos kms até aos pontos de destino. Sensata decisão.

 
Pela 2ª vez marcamos a partida junto ao novo terminal rodoviário Às 3 h da matina deste sábado 22 de Fevereiro. E como de costume, estava tudo a horas, prontos para embarcar no mini-autocarro da Autotransportes do Fundão que nos levou até Braga, sem qualquer intercorrência, a não ser a chuva por vezes forte que sempre nos causa alguns calafrios.... nada que uma boa dose de borrachões acompanhados de um caloroso licor caseiro de maçã-canela acalme, enquanto o autocarro avançava nas autoroutes! :-)

 
Chegamos a Braga pelas 07 h, aprontando-nos para a fotografia de grupo mesmo em frente à Sé de Braga. Foi dali demos inicio às 07:15 à 16ª Etapa "Da minha Casa até Santiago".

 
Os primeiros kms desta etapa são maioritariamente citadinos por entre a malha urbana de Braga. Por entre ruas de casas seculares, cruzeiros e santinhos, e inúmeras capelinhas, de tudo se pode encontrar enquanto saímos da cidade.



A mais emblemática é a praça de São Tiago, que encontramos ao descer a Rua da Boavista, ladeada de casas típicas. Foi também aqui que encontramos a primeira padaria aberta onde o cheiro intenso a bolos e café "rebocou-nos" direitinhos lá para dentro porque a manha fria e nevoenta pedia uma dose cafeínica quentinha!!


Saídos dali, a estrada encaminha-nos para Frossos, onde duas bonitas igrejas - Frossos e Sto António, marcam presença de cada lado da estrada a relembrar-nos que estamos em terras eclesiásticas. Mais à frente, Merelim revela-nos uma praça onde para além da igreja, uma bonita estátua e cruzeiro fazem justa homenagem ao S. Braz.


O vale do Cávado aproximava-se à medida que os nossos passos conquistavam kms, sempre ladeados por inúmeras quintas tipicamente minhotas e inúmeros regatos, bem "enriquecidos" pelas chuvas generosas deste ano.


Para chegarmos à Vila de Prado, é necessário atravessar o Cávado pela soberba Ponte do Prado construída em 1617. Um local paisagístico e monumental, de enorme beleza que vale a pena visitar. Fantástico!



Em plena Vila de Prado aproveitamos a praça central para nos deleitarmos com as iguarias caseiras que nos acompanhavam - dos pasteis aos ovos verdes, dos ovos com farinheira aos bons enchidos e queijos, nada faltou, sempre bem acompanhado pelo bom tinto... isto de ser caminheiro abre o apetite!!!



Nesta vila o Caminho de Santiago enovela-se na Via Romana XIX (Vias Romanas Atlânticas), uma via que ligava Braga a Astorga, pelo que a sinalética além dos típicos sinais de Santiago, acomodava também umas imponentes placas de madeira a dar conta desta Via XIX.



Agora com o "fatinho mais composto" chegamos, através de um misto de ruas e caminhos, à Ermida de São Tiago que segundo consta tem algumas imagens emblemáticas do santo. Com muita pena nossa estava encerrada.

 

Entre vinhas e caminhos florestais, entrecortados aqui e ali com alguns troços de alcatrão, chegamos a Moure, onde a hora começava a pedir algum "combustível" - umas tacinhas de vinho verde, branco ou tinto conforme o gosto (para que conste em termos de gosto e qualidade, se querem branco bebam de Ponte de lima, se querem tinto bebam de Ponte da Barca...) ;-)

 
 
Animados pelo calor da bebida típica do Minho foi com facilidade que enfrentamos as subidas do dia que agora surgiam pela nossa frente, sem antes tentarmos medir o imponente tronco de eucalipto que Moure tem num dos seus cruzamentos - 9 caminheiros de braços abertos, batendo o castanheiro de Trancoso que só tínhamos sido precisos 8 caminheiros. Um recorde! ;-)

 
 
As partes mais "agrestes" do dia forma então, primeiro a subida da Sra da Penha e de seguida a bonita subida até à majestosa Torre de Penegate, um monumento de interesse publico datado de 1322 (reinado de D. Dinis), que lá do alto domina a paisagem. Muito bonito recanto deste nosso Portugal desconhecido!



A partir dali foi sempre a descer em direção a Goães, onde terminaríamos esta 16ª Etapa, no Albergue de Peregrinos, localizado a 500 m desviado do Caminho de Santiago. Eram cerca de 13:30h e tínhamos cumprido quase 21 km a uma media de 4,5km/h.



Goães é uma pacata aldeia com um café, casario disperso na paisagem e uma antiga Escola Primária, agora Albergue de Peregrinos. Nada mais, em pleno vale do Neiva. O sitio ideal para relaxar e descansar para uma próxima etapa.



No antigo telheiro da escola agora transformado em cozinha do Albergue degustamos algumas das iguarias que connosco viajaram. Apos este banquete de família, distribuímo-nos pelas duas salas de aulas, agora transformadas em camaratas de peregrinos, cada uma com camas do exercito, complementadas com algumas espumas para os dias de maior afluência.



Ao meio de cada camarata, existe uma salamandra para aquecer o espaço, pois aquele recanto de Portugal prima pela humidade e frio. Contudo a nossa teimava em deitar o fumo fora e apagar-se.... chaminé completamente entupida de ninhos de pássaro... Nada que uns peregrinos habituados a fazer pela vida não consigam resolver... de escada na mão e um rolo de arame foi ver aquela salamandra cuspir fumo bem carregada de lenha! Temos "Limpas-chaminés!



O dia terminou cedo para a grande maioria, pois o cansaço acumulado de muitas horas acordados, conjugado com o ambiente acolhedor e salutar, induziu rapidamente o sono, apenas entrecortado com os "tenores da ópera dos roncos e sibilos"! Eehehehe



Amanhã publico a outra reportagem!

FMike ;-)
 

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