Castelo Branco é, pela sua natureza geológica, uma região rica e variada no espectro morfológico. A Norte dominam as paisagens graníticas, a Sul a pedra quartizica é rainha e nas colaterais dominam os xistos. Toda a vasta área a oeste, com predomínio da região das Sarzedas, é um bom apanágio disso mesmo.
O xisto, abundante e gratuito foi durante gerações o material de construção habitacional mais popular na região, criando-se focos populacionais bem pitorescos, com o seu casario acastanhado, dominado pelas ombreiras brancas, sempre bem inseridas na floresta de pinhal e esteva que abundam as serranias limítrofes.
Os tempos mudam, as gentes também… a debanda pelos grandes centros, acentuou o despovoamento e hoje, se não fosse as intervenções das autarquias e o esforço de alguns particulares, a maioria estaria abandonada, degradada e desprotegida.
A iniciativa “Aldeias de Xisto” é um bom exemplo desse esforço, que iremos ver como sobreviverá a toda esta crise… a realidade acabará por ser prosaica?!... Esperemos que não!
Aqui e ali vão surgindo pequenas actividades que vão trazendo pessoas a estas aldeias – pedestrianismo, arqueologia, BTT, escutismo, etc vão mostrando ao mundo urbano estes bonitos recantos rurais dominados pelo xisto. Para terem uma ideia da importância para estas gentes, hoje durante uma breve paragem no Martim Branco, uma idosa toda sorridente dizia-nos que a sua aldeia, ultimamente, tinha muitos visitantes! Ainda bem!
Pela mão do Pedro Antunes, um bom conhecedor destas paragens, terá lugar no dia 11 de Setembro mais um Bike Tour em BTT, sob a égide do Clube PT, tendo por pano de fundo toda esta vasta área de xisto, promovendo este rico património histórico. Há aqui muito cantinho para descobrir, trilhos espectaculares para percorrer, paisagens imensas para apreciar… e hoje tive oportunidade de avaliar tudo isso de uma assentada só!
Há alguns dias atrás este bom amigo lançou-nos o desafio se alguém o queria acompanhar num reconhecimento total do percurso grande desse Bike Tour, onde já só faltava aprimorar alguns bocadinhos. Prontamente, até porque a manhã estava livre, disse-lhe que contasse comigo, pois andar a descobrir caminhos é um bom treino!
E lá fomos! Chegados bem cedinho ás Sarzedas, o Recon do Passeio começou com a saída pela Igreja Matriz, em vertente descendente, passando ao lado das aldeias pitorescas de Silveira dos Figos e Cabeço de Infante antes da primeira de muuuiittttas atravessadelas de ribeiras (e são mesmo muitas!).
Após uma passagem pelas vizinhanças da Serrasqueira, houve nova passagem molhada, trilhando-se em direcção ao Chão da Vã, sempre, sempre com o xisto, pinhal e esteva a dominar a paisagem.
Não entramos no Chão da Vã, contornando o cemitério, agora em direcção ao “Centro do Mundo” – Barbaido para os distraídos, cruzando-se mais algumas linhas de água, a EN 112 – estrada do Salgueiro, emborcando pouco depois na EN 1242 que leva à aldeia, a única maneira de evitar aquele “caroço” sobranceiro onde estão as antenas, e que já uma vez subimos, toda a malta das Docas, comigo na altura em SS… durinha! Ainda bem que a contornamos!
Não vimos o “Centro do Mundo”, mas vimos logo a seguir uma boa descida que leva ás hortas que por ali ainda existem, com os seus típicos muro de xisto a dominar. Bonito de se ver!
Entravamos agora numa parte mais ou menos conhecida, uns singles que rodeiam a ribeira, um pouco antes de passarmos os moinhos do Martim Branco e outro par de singles com novas passagens da ribeira de Almaceda… que local espectacular, bem fresquinho e água límpida…apetecia mergulhar!
O descanso na aldeia de xisto de Martim Branco deu direito a água fresquinha e um pouco de conversa a uma habitante local, antes de seguimos em direcção ao Vale de Ferradas, Grade e Azenhas de Baixo.
Contornamos estas aldeias sem entrar, privilegiando mais alguns cruzamentos das ribeiras existentes, numa paisagem bem verdejante e fresca, num dia que começava a aquecer! Era com prazer que molhava propositadamente os pés, pernas e calções! Que águas cristalinas!
Pouco depois assomamos á Rapoula, sem entrar, atravessando sim as Gatas e Monte Goula, onde novos zigue-zagues pelas ribeiras e ruas típicas me deliciaram as vistas! Bonito sim senhor!
Sempre lado a lado com a ribeira entramos na Azenha de Cima, onde aproveitamos para refrescar os radiadores, com umas colas fresquinhas e umas apetitosas bolachinhas de baunilha, em pacotes pequeninos, que me fizeram lembrar a minha infância e as idas ao café com o meu pai, onde sempre me comprava estas bolachinhas! Que saudades!
O Recon estava no final mas agora era preciso subir, primeiro em direcção ao Pomar e Sesmo, com a praia fluvial lá embaixo a piscar-nos o olho, e depois para atravessarmos todo o vale, antes da derradeira subida ás Sarzedas, bem perto das 12:30 e com um calor daqueles! Chegamos quentinhos, suados é certo, mas como se costuma dizer na nossa giria, com o "papinho cheio" de bons momentos em BTT, sempre em boa companhia! Vale a pena pedalar por estas paragens!
Está assim dado o mote para mais uma boa iniciativa na região, promovida por "conhecedores" da matéria. Um passeio catita, com um preço simpático, por caminhos e aldeias que merecem uma visita. O Xisto está em grande, e paisagens destas nem sempre são visiveis quando passamos na "autoroute" a 120 km/h. Há que "descer á Terra", "embrulharmo-nos" nas estradinhas rurais e descobrir estes recantos. Se for feito em cima de uma bicicleta, tanto melhor! BTT Forever!
Fiquem bem!
FMike :-)
5 comentários:
Uiiii... que reportagem apetitosa! Trilhos bem sedutores esses! Começo a ganhar vontade de os pisar de novo... Setembro está aí á porta!
A ver vamos se as férias me permitem a inscrição no evento!
Fotografias fantásticas!
Força nessa iniciativa Pedro.
Abraço
João Valente
Ahhh... esqueci-me de dizer! O cartaz publicitário ao evento... MUITO BOM!
O "modelito" está impec!!!
LOL
Abraço
João Valente
ora aí está um evento que deve dar gosto participar.´meter a malta no terreno numa modalidade "toma lá e desenrasca te"brutal..
quero ver se consigo participar.
Excelente reportagem.
abraço daquele...
Pinto Infante
Reportagem espectacular, obrigado pela companhia, Fernando.
João esquece o cash!! e agradeçe ao Nuno Dias. Não te esqueças das barbatanas.
Estava a ver que não acabavam as ferias das Bikes. Andei por essas bandas há pouco tempo e comi um chouriço espetacular. Um desafio ao Pedro, Pago 15€ com chouriço!!!Lol!!!
Bela reportagem e fotos. Um abraço.
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